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segunda-feira, dezembro 07, 2009

Nesta sexta, dia 11 - The Mambo Django


Amigos,
Nesta sexta, dia 11 de dezembro, o projeto Mambo Django fará a última apresentação do ano - Jazz e Blues da raiz com nosso acento violeiro cigano.
Como sempre eu, Guimets e Guapponi em improvisações e canções daqueles caras muito velhos e legais - de sete ou oito décadas atrás...
Fui justamente corrigido por não deixar o horário! O show começa por volta das 22hs.
Venham!
Beijos a todos,
Chuí

(Informações no convite acima. Clique sobre a imagem para ampliá-la)

terça-feira, novembro 24, 2009

Nesta sexta: Samblues Trio no Piaf Bistrô


Amigos,
O Samblues Trio formado por mim(voz e violão), Guappo( violão e gaita) e Guima Maximiano(Violão) fará uma nova apresentação nesta sexta, dia 27 de novembro.
Será desta vez no Piaf Bistrô que fica na Alameda Franca, 303, no Jardim Paulista. faremos uma seleção de canções do mundo dos anos 30 e 40, presentes nos shows que fizemos nos ultimos dois anos. Do samba de raiz ao jazz e blues à canção francesa.
http://fernandochui.blogspot.com/
Venham ouvir!
Beijos a todos,
Chuí

(Clique no convite para ampliar a imagem)

quarta-feira, novembro 11, 2009

G. e a democracia Zepelim


Em 1978, Chico Buarque discutiu a moralidade urbana
na canção "Geni e o Zepelim".
A G. da canção, mesmo repudiada por toda a cidade,
salva a todos ao transar com um ditador
oriundo de um imenso zepelim.
Após a salvação, segue sendo ali odiada.
Quem seria a G. da vez, mais de trinta anos após a canção?

...

Desta vez, a massa quis ter G. assada com uma maçã na boca.
Clamou aos professores que deixassem G. com eles.
Os professores, que não se dizem da massa,
dizem que G. havia provocado tudo aquilo.
Por se exibir demais - em trajes até então permitidos pela escola.

...

A massa gritava uma palavra: Pu-ta! Pu-ta! Pu-ta!
Puta é, teoricamente, a mulher
que oferece seu corpo secretamente
por uma pequena quantia.
(Lembremos que puta é personagem aceita por toda sociedade.
A não ser que saia da cova. Puta pode – mas só no breu.)
Insuportável é que não seja realmente uma puta,
só uma sereia desgovernada.
Esta sim, putíssima.

...

A escola diz não ter podido fazer nada
Com aquela massa de setecentos alunos hostis.
Uma escola fruto de dois fracassos:
Das revoluções democráticas, primeiro.
Das ditaduras depois.
Com isto temos uma escola sem ideais
E ao mesmo tempo sem autoridade alguma.
Resta o caos público
e um sistema que obedece apenas
ao dinheiro dos pais dos estudantes
E à opinião popular.

...

A G. de hoje é Geisy. Não é a Geni da canção.
Aquela que é feita pra apanhar,
boa de cuspir e e dá pra qualquer um.

A G. de hoje não é uma coitada. Reivindica seus direitos.
Decotada, vai a programas de auditório.

...

Não houve Zepelim pra assediar a G. de hoje.
Mas a revista Playboy , sim.
Igualmente à G. da canção A G. de agora vai topar.
Afinal, puta não é aquela que oferece seu corpo
por destaque na mídia e um dinheiro generoso.

Assim como a massa sem nome
e a escola sem autoridade
G. não pensa no significado das coisas.

...

Uma coisa me chama a atenção:
Não houve líderes neste episódio fascista
da história da educação brasileira.
Manada, alcatéia, súcia -
a massa se liderou a si própria
Clamando pela crucificação de G.
- Joga pedra na G.!
- Joga bosta na G.!

...

A faculdade expulsou G. e voltou atrás.
Com a outra G. não houve mídia
ou propostas de grana e fama,
ela não pôde deixar de ser puta.
Seguiu sua trilha de pedra e bosta.

A Universidade - que deveria discutir a sociedade –
somente segue a dança do agora.
Se nesta mesma faculdade todas as meninas
pudessem e resolvessem ser assim, putas,
a regra ali seria este novo figurino.

...

Esta é a tal ditadura da democracia.
Funciona como a burocracia.
Ninguém manda. Mas todos têm de obedecer.

...

Uma capa de Playboy espelharia nossa política:
G.,
exuberante,
com suas partes pudendas
cobertas de pedra e bosta.
E as páginas de dentro: todas em branco.

Edição esgotada.
Consumida em segundos
por uma massa que segue a regra
criada por ninguém.


(texto e ilustração de Chuí)

quinta-feira, outubro 22, 2009

Em Hipótese


Você me sorriria pelo meu olhar ou pela minha palavra?

Você se seduziria pela minha palavra ou pelo meu status?

Você faria amor comigo pelo meu status ou pelo meu corpo bonito?

Você se apaixonaria pelo meu corpo bonito ou pela minha cicatriz?

Você se casaria pela minha cicatriz ou pela minha calma?

Você se irritaria com a minha calma ou com a minha soberba?

Você me criticaria pela minha soberba ou pela minha negligência?

Você me xingaria pela minha negligência ou pela minha grosseria?

Você me agrediria pela minha grosseria ou pela minha indiferença?

Você me abandonaria pela minha indiferença ou pela minha traição?

Você me odiaria pela minha traição ou pelo que em mim era igual a você?

Você teria saudades do que em mim era igual a você
ou do que você jamais teria de novo sem mim?


(texto e desenho de Chuí - clique na imagem para ampliá-la)

terça-feira, outubro 13, 2009

Nesta Quinta, 15 de outubro - The Mambo Django!


Amigos,
Não é bem novidade, outro desenho que fiz do mestre Django pra coleção deste blog; e outra apresentação do projeto Mambo Django com canções dos anos 30 e 40 oriundas de vários países em novas versões e aquele certo sotaque cigano.
Mas isto é jazz: o improviso - um plano de liberdade onde você sabe bem o que vai ver, mas sempre espera pela surpresa.
Ao meu lado, meus caros Guapponi e Guimets, uma farra só.
É nesta quinta, lá no Syndikat. Cliquem na imagem pra ampliar e ter detalhes.
Venham!
Beijos a todos,
Chuí

segunda-feira, setembro 14, 2009

Nesta Sexta, The Mambo Django + Entrevista na radio CCSP


Amigos,
Está no ar a entrevista que dei à radio do Centro Cultural São Paulo. Ali conversei com a apresentadora Rita Lorenzato a respeito de meu trabalho musical em geral e ainda apresentei novas músicas que estarão no próximo cd, este que virá em breve. Ao meu lado, tocando comigo sua gaita mágica, você ouvirão meu parceiro Guapponi em grande destaque.

Vejam lá, o link é este:
http://www.centrocultural.sp.gov.br/radio/

E nesta sexta, o projeto Mambo Django faz uma nova apresentação no bar Syndikat Jazz Club nos jardins.
O jazz cigano - que nos inspira - traz em sua concepção uma mestiçagem que passa pelo violino francês, o acordeon romeno, a guitarra flamenca, a música árabe e o jazz de Louis Armstrong.
Sem apegos a purismos, até mesmo por conta de nossos estilos pessoais que fundam algo diferente a cada vez, esta apresentação levará isto adiante. Faremos canções da França, da Alemanha, de Cuba e da Rússia, além dos blues e jazz dos anos 30 e 40 que já fazem pare de nosso roteiro. Guima no violão jazz, Guappo no violão cigano e na gaita blues e eu, mestiço de tudo, em voz e violão "folk`n`gypsy".
O endereço está no convite acima, mais uma ilustração de Django para a coleção de desenhos musicais.
Espero que possam vir presenciar mais esta mistura cancionista.

Beijos a todos,
Chuí
(convite-ilustração de Chui - clique na imagem para ampliar)

sexta-feira, setembro 04, 2009

O Índio e o Sertanejo


O índio já nasce puro,
imberbe, clássico e morto.
Ele é sobretudo extinto;
Foi avistado jovem, retratado jovem, assassinado jovem -

E assim se mantém, puro.

O sertanejo já nasce sobrevivente,
porque é sobretudo um forte,
sobretudo impotente;
Sobrevive velho, é retratado velho, nasce velho -

E assim se mantém, sobrevivente.


(texto e desenho: Chuí)

segunda-feira, agosto 17, 2009

The Mambo Django - Nesta quarta




Certa vez ouvi um músico brincando:
"Desde que eu lancei meu disco, só se fala em outra coisa".
Nós faremos jazz. Mais especificamente jazz dos anos 30. E um olhar especial ao jazz cigano da França e arredores. Out of time?
Na arte, não existe nada fora de nosso tempo. Quando você mergulha pra ouvir, já entrou. O que existe é uma ausência de outdoors...
Venham!!!
Abração,
Chuí
(cliquem na imagem central para ver o endereço)

terça-feira, julho 28, 2009

Certeza


É certeza.
Não a duvideza. Jamais a erradeza.
Certeza, certeza, certeza.

O que impressiona não é o talento, mas a potência.

Certeza.
Tão rara de existir. Tão fácil de nascer.

Certeza de revolucionários e fascistas.
De punks e intelectuais.
De psiquiatras e psicopatas.
De religiosos, cartesianos,
iluminados, iluministas.
Amantes e traídos.
Certeza.

Canção que jovens brilhantes dominam.
Tábua onde velhos imbecis se agarram.

Ela vem. Atropela. Devasta.
Certeza.

E quando ela chega perto,
o horizonte não é mais uma linha reta.
E qual caligrafia ou gesto de dança ou desenho,
este nos sorri e diz:

Surpresa.


(desenho e texto de Chuí)

Nesta quinta - The Mambo Django - vol. IV


Amigos,
Nesta quinta mais uma edição do projeto Mambo Django, com leituras acústicas de temas de jazz dos anos 30 e 40, inspirados na maneira cigana.
Venham lembrar disso tudo que, se não pudemos viver, ainda podemos ouvir.
O endereço está no convite, é só clicar na imagem.
E mais um desenho para a coleção de Djangos...
Beijos a todos e até quinta!
Chuí

segunda-feira, julho 06, 2009

Michael Jackson Dança Desenho*





Parece música, mas é mais dança. Desenho.
Você pensa que é uma voz,
mas é só respiração.
Um lance de dúvidas. Um contrário de mágoa.

Mágica.

E pessoas ainda acreditam
que poderão acessar a mágica
consumindo mágica.
Nas TVs, nas revistas, no cinema.
Por isso as pessoas se entorpecem imitam
compram rezam vendem fumam trepam.
Por isso se vestem de formas diferentes,
se despem de padrões, se vestem de padrões.
Por causa da mágica.

Só que mágica não pode ser consumida.
Precisa ser reinventada.

Por isso se inventa um gesto.
E maior do que o dono do gesto é o gesto.
O traço, a voz, o passo, meu Deus que passo mais doido,
um desenho ou um milhão deles, pra onde eles vão agora?
Mágica que não é truque. Mas é.
Não é técnica. Mas talvez seja.

Por isso inventa-se a pessoa capaz de se inventar a si própria.
E uma criança disléxica se torna poeta.
E um feio se torna lindo.
E um cigano sem dedos se torna mestre da guitarra.
E um publicitário vira escritor maldito.
E uma verdade recebe o nome de milagre.

Por isso uma pessoa tinge a própria pele de outra cor.

E quando desejo engole destino, não é melhor nem pior,
se você não souber ver o que é mágica.
Porque até hoje nada que fez sentido neste mundo
se fez sem mágica.

Por isso um corpo se nega a si próprio
e se oferece ao resto do mundo.
Por isso se nega política dívida idade.

Nada mais figurativo e nada mais abstrato.

Michael Jackson

Dança

Desenho

Pois inventa-se um corpo maior, muito maior,
imensamente maior do que a vida e a morte
do dono do corpo.



*título em referência ao livro de Paul Valéry "Degas Dança Desenho".
(texto e 4 estudos de Michael Jackson de Chuí - clique nas imagens para ampliar)

quinta-feira, junho 25, 2009

Amanhã no Syndikat - The Mambo Django III


Amigos,
Eu sei, eu sei, super em cima da hora e tudo, mas não deixo de convidá-los para mais uma noite de raízes do jazz no bar Syndikat.
Eu, Guapponi e o requinte de Guima Maximiano, em um trio de violões e gaita em homenagem ao energético e acústico jazz cigano. O convite está acima, é só clicar sobre a imagem onde se pode ver as informações.
O desenho eu fiz agora, ao som de nosso mestre absoluto, D. R.
Venham!
Beijos a todos,
Chuí

segunda-feira, junho 15, 2009

Domingo no SESC POMPÉIA - Chuí & Mona Gadelha interpretando Rimbaud e Serge Gainsbourg


Amigos,
Neste Domingo, para o ciclo de comemorações do ano Brasil-França do SESC Pompéia, eu e a cantora Mona Gadelha faremos o espetáculo "Les Enfants Terribles" - produção da BrazilBizz -, interpretando poemas de Rimbaud e canções de Serge Gainsbourg.
Idealizado por Mona, este projeto une dois grandes símbolos da cultura francesa.
Arthur Rimbaud foi o poeta simbolista do século XIX que escreveu sua obra iconoclasta até os 19 anos, influenciando toda a poesia do século XX, além de grandes escritores como Charles Baudelaire e Henry Miller. Recebeu a alcunha de Le Enfant Terrible.
Serge Gainsbourg foi provavelmente a maior estrela da música pop francesa. Compositor boêmio, irreverente e eclético, Gainsburg também foi ator e cineasta. Sua canção mais famosa "Je T'aime Mois Non Plus" se tornou a maior referência da canção erótica internacional, porém sua obra tem também muita influência do rock e do rhythym and blues.
O poeta Paulo Leminski escreveu certa vez que, se fosse vivo hoje, Rimbaud seria músico de rock. Se vivos, Gainsbourge e Rimbaud seriam provavelmente amigos, quiçá parceiros de canções.
Mona Gadelha e eu faremos, através de nossas vozes, a experiência deste encontro de linguagens no próximo dia 21 de junho, na Choperia do SESC Pompéia (veja endereço no convite acima - clique na imagem para ampliar). Estarei no violão e conosco, Guappo na gaita e violão, e VJ Mrs. nas projeções de imagens.
Venham!
Beijos a todos,
Chuí

quarta-feira, maio 13, 2009

Nervos de Aço! - Chuí & Carpinejar no SESC Pompéia


Amigos,
Eu e meu querido parceiro de invenções, o poeta gaúcho Fabrício Carpinejar, faremos neste domingo mais um encontro de linguagens.
Mesclando de maneira bem humorada a canção e a poesia, trataremos da delicada questão dos encontros e desencontros do homem moderno no campo do amor.
Crônicas e poesias Carpinejar, canções minhas e versões improváveis de músicas de Lupiscínio Rodrigues, Péricles Cavalcante e Amado Batista rechearão a apresentação.
Estarei ali munido de voz e violão. Carpinejar virá com sua imprevisibilidade inadiável.
Será às 18hs no SESC Pompéia, que fica na Rua Clélia, 93.
Espero que possam vir para presenciar esta nossa confissão.
Beijos a todos,
Chuí

segunda-feira, maio 04, 2009

Nesta quarta: The Mambo Django - Vol. II



Convido a todos novamente ao Mambo Django. Nesta quarta-feira, eu e Guapponi - violões, vozes e gaita -seguimos em nosso novo projeto de interpretação de temas de Jazz dos anos 30 e 40 homenageando o jazz cigano. Teremos a participação guitarrística de Guima Maximiano, músico experiente e amigo de longa data, do jovem talentoso George Willian e do meu mestre do blues Danny Vincent.
Ou seja, vai ser bom esse trem...
Beijos a todos,
Chuí
(endereço no convite acima - clique para ampliar)

segunda-feira, abril 20, 2009

Nesta Quinta: The Mambo Django



Olá!
Nesta quinta, dia 23 de abril às 22hs, o projeto Samblues apresenta uma versão mais jazzística, em resgate ao estilo criado pelo guitarrista cigano Django Reinhardt na frança dos anos 40.
Menos compositor e mais cantor/guitarrista, apresentarei - ao lado do Guapponi na gaita e violão - temas de jazz dos anos quarenta, alguns blues antigos e ainda, sob a mesma roupagem "djangueira", canções mais recentes.
Apresentando também o jovem guitarrista George William, meu amigo e aluno que há anos se formou comigo na Universidade Livre de Música, nos acompanhando semi-acusticamente.
É lá no Syndikat, Moacir Pisa, 64, Jardins (vejam aqui acima, no convite digital). Venham! Será muito legal revê-los nesta nova mestiçagem musical!
Beijos a todos,
Chuí

quinta-feira, março 26, 2009

Pornografia, Identidade, Intimidade


Décadas atrás, o compositor e biólogo Paulo Vanzolini escreveu a canção Praça Clóvis contando a historia de alguém que teve sua carteira roubada junto à foto de uma ex-namorada. “Na Praça Clóvis minha carteira foi batida/ Tinha 25 cruzeiros e o seu retrato/ 25 eu francamente achei barato/ pra me livrar daquele atraso de vida (...)” disse a letra, se eternizando no cancioneiro do samba paulista.
Nesta terça-feira, padeci do mesmo mal em frente a uma praça aqui na Lapa. Um motoqueiro levou meu celular e minha carteira. Tinha tudo dentro dela: RG, CPF, carteira de habilitação, etc.
Neste movimento de reaver minhas documentações, precisei fazer uma busca pela internet para descobrir a melhor maneira de fazer coisas como boletim de ocorrência, pedidos de segunda via, cancelamento de cartões e tudo mais.
Ao abrir uma página pelo Google, havia a notícia de que um vídeo de sexo com uma participante de um reality show havia sido espalhado pela internet. O vídeo estava na memória de uma celular roubado meses antes da notoriedade precária da moça.
Todo este panorama me fez pensar sobre coisas como memória, identidade, intimidade e pornografia.
Meu celular portava fotos da cidade apenas. Pedirei hoje a segunda via de minha identidade. O ladrão ficou com todo meu registro oficial, do dia em que eu nasci até o lugar onde eu voto. Mas o que ele levou não importa realmente, vão-se os anéis. O que importa é o que ele deixou em mim, algo entre raiva, dúvida e medo.
Eu não poderia agora narrar o que eu senti na coisa toda. Aí eu teria que falar do lugar de minha intimidade, e intimidade é tudo aquilo que não pode ser acessado por narrativas, fotografias ou vídeos pessoais.
Intimidade tem a ver com a memória de sentimentos que temos ou que pudemos outrora compartilhar com pessoas. Uma dor, um olhar, um gemido, coisas que só podem ser compreendidas interiormente. A narrativa destes eventos “pornografiza” as experiências. Como homens que traduzem suas aventuras sexuais em detalhes sórdidos aos amigos, para mostrar sua potência masculina de garanhão metropolitano (atire a primeira pedra quem nunca fez estas tolices). No momento em que se transpõe uma experiência a uma narrativa ou a um artefato de consumo, têm-se a pornografia.
Mas a intimidade, esta não será jamais tocada por tais recursos. A intimidade é o que fica em nós.
Não está em um corpo nu, mas no arrepio da pele.
A intimidade não é o fato, mas aquilo que dele me fere.
A intimidade não é o que eu escrevo, mas o que você é capaz de compreender.
A intimidade é o contrário da pornografia.
Não se pode pedir a segunda via de nossa intimidade.
Na Praça Marcelino Bressiani, minha carteira foi batida. Não tinha nenhum dinheiro, nenhum retrato.

(texto e desenho: Chuí)

domingo, março 15, 2009

Sobre isso (que vem)


Às vezes vem na forma de um sonho.
Noutras, é somente um calafrio.

Não chega a ser mediado por algum recurso verbal.
Não tem sintática nem pragmática.
Só serve pra confundir a semântica.
Pode nem ser uma imagem clara na mente. Mas você sabe.
No fundo você sabe quando vem.

A medicina chamaria de dor.
Exotéricos diriam que é presságio.
Céticos, que é gastrite, intuição no máximo.

Se fosse impulso, seria elétrico.
Se fosse música, seria dodecafônica.
Se fosse um objeto, seria sirene.

O fato é que vem de diversas formas,
e é sinal de que algo fatalmente
vai virar a sua vida pelo avesso.
Ou pior: que você não vai mais poder virá-la do avesso
(como secretamente você deseja há tantos anos ).

Quando vem, o melhor é olhar de frente.
No olho, engolir as vírgulas.

Senão depois não vai adiantar reparar, refletir, calcular os danos.
Foi-se(ou foice): É o tal leite derramado.

Você pode até fingir que não vê,
que não ouve e nem sente nada.
Você pode ter aprendido a não dar bola pra essas coisas.

Mas é certo, meu caro: não vem à toa.


(Texto e desenho de Chuí - clique na imagem para ampliá-la)

terça-feira, março 03, 2009

Nesta Quinta: A Volta do Blues do Samba


Amigos,
Na correria e meio atrasado, aqui vai um convite especial:
O Samblues está de volta nesta quinta no Centro Lírico Literário IX de Novembro. Será a partir das 21:00hs, na Alameda Tietê, 90. É um bar genial que mais parece uma linda casa ou uma casa genial que mais parece um lindo bar. Só por conhecer o lugar já vale a pena...
Eu - Chuí- junto com a gaita mágica de Guappo e a guitarra bluesmaster de Danny Vincent. O blues se une novamente ao samba - legítimos filhos da dor e pais do prazer, como naquela canção sobre a solidão -, revivendo Cartola, Louis Armstrong, Noel, Rufus Thomas, Nelson Cavaquinho, Ray Charles, Adoniran, etc, etc, todos em roupagens novas e sempre diferentes.
Eu confesso que andava com saudades dessas dores lindas.
Espero muito poder tê-los por lá!
Beijos a todos,
Chuí

(ilustração: Chuí - sobre desenho realizado ao vivo no espetáculo Dom do Ciúme)

Local: Centro Lírico Literário IX de Novembro
Alameda Tietê 90 - casa 03
Tel. 3085-8715
centroliricoeliterario@yahoogrupos.com.br

terça-feira, fevereiro 03, 2009

O Universo


Lá vem essa gente de bem
inventando poder e lógica
do próprio equívoco.
E o universo conspira somente
a seu próprio favor.
E o que sobra do pensamento,
além do vento?

Academias, carreiras, igrejas,
ali é onde se acolhem;
aos milhares, bilhões, se esgotam.
Depois se movem aos poucos -
ocres, amarelos, verdes
de tanta voz que não têm -
não miram mais sua meta;
olham agora de lado,
qual assassino assustado.
E o que restou ao cinismo,
além do abismo?

E seus mitos, pesquisas e crimes
se realizam, se esquecem.
E como em Jack ou Descartes,
é como se dá:
em partes.
E o que se espera de tanta escrita,
além da tinta?

Os cientistas concordam
que o universo não respeita governos,
nem livros ou religiões.
Ele vem, explode, estaciona -
mesmo quando não se vê uma vaga.
Aqui se faz
- diz o tempo -,
e aqui mesmo se apaga.


(texto e desenho de Chuí - clique na imagem para ampliar)

terça-feira, janeiro 27, 2009

O Trem (o ano que veio)


De manhã,
vem um trem
e nos reinaugura
o óbvio.

Ou não será o óbvio
a nos reinaugurar -
logo de manhã -
um trem?


(texto e desenho de Chuí - clique na imagem para ampliar)