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segunda-feira, novembro 26, 2007

Samblues V




Amigos,
O Samblues chega à quinta e última apresentação do ano de 2007.
Samblues é das melhores coisas que me aconteceram neste ano tão cheio.
Pensei que cada lembrança destas apresentações deveriam ficar bem mapeadas na memória, e que gostaria muito de tê-las registradas em velhos cartões postais para que pudesse encontrá-los algum dia distante em meus alfarrábios de gaveta.
Daí, fiz estes convites-postais com a promessa de um lugar bom pra se visitar qualquer dia.
Pois Samblues sempre há de ser um acolhedor e alegre vilarejo - bom de se morar, visitar e lembrar.
Será nesta quinta, dia 29, lá no Syndikat. Várias versões novas de sambas antigos à maneira samblues. Paulo Vanzolini, Ney Lopes, Noel Rosa somam-se aos Adonirans, Cartolas e aos velhos blues.
Desta vez, eu e Guapponi receberemos convidados especialíssimos: o blues master Danny Vincent e o poeta e compositor Danilo Monteiro nos brindam com suas artes.
Adorarei vê-los por lá para esta celebração de final de ciclo.
Beijos a todos,
Chuí

segunda-feira, novembro 19, 2007

Nesta Quarta: Eu e Carpinejar no "Primeiro Popular de Literatura e Ruídos"


Nesta quarta, dia 21, às 19h30, farei uma apresentação ao lado de meu amigo e poeta gaúcho Fabrício Carpinejar aqui no SESC Consolação.
O evento chama-se Primeiro Popular de Literatura e Ruídos e é organizado pelo escritor Paulo Scott. Compõe-se de cinco blocos de intervenções literárias e musicais, marcadas pelo improviso e realizadas por duplas ou trios de convidados. Sob parcerias inéditas e consagradas, aglutina nomes da produção literária e musical urbana contemporânea.
Eu e Fabro daremos continuidade aos dois encontros de 2006 (Poesia viva! e Canalha-Romântico) improvisando sobre leituras de poesias e crônicas de Carpinejar, canções novas minhas e até uma versão minimalista de Amado Batista.
Nesta mesma quarta também se apresentarão Paulo Scott(RS) & Flu(RJ), Xico Sá (SP) & Joca Reiners Terron (SP), Valério Oliveira (SP) & Nelson Oliveira (SP): e Fernanda D'umbra (SP) & Flávio Vajman (SP).
O SESC fica na rua Dr. Vila Nova, 245 Vila Buarque São Paulo.
A entrada é franca, apareçam que vai ser muito legal.
Beijos a todos,
Chuí

segunda-feira, novembro 12, 2007

Sobre o Impulso Maior


Tudo no universo nasce de um impulso.
E por impulsos tudo segue
se transformando e se enviesando,
negando-se a si próprio
até concluir que esta negação é impossível,
pois que em cada vez que se nega um fato,
o mesmo fato ao se negar
acaba, desta mesma forma,
por fatalmente se legitimar.

Na chamada vida humana, há quem pregue
que aquilo que faz o indivíduo crescer e se libertar
é a sua força pessoal, a sua coragem e obstinação.
Todavia, a coragem é fruto da mesma fonte
que ela pressupõe contrariar: o medo.

Por medo de esmorecer, luta-se.
Por medo da desordem, organiza-se.
Por medo de ser visto como fraco, torna-se forte.
Por medo de ser medíocre, torna-se brilhante.

Do medo resulta o impulso mais poderoso
dentre os que os seres humanos possuem.
Certamente maior que o sexo -
já que este deriva do corpo
e no corpo tem sua condenação -
enquanto que o medo provém,
além do corpo e das sentenças de cada cultura,
de forças espirituais como o amor, a morte e a vida.

Por medo de se perder
aquele a quem se ama ou de vê-lo ferido
encontra-se forças desconhecidas
que podem mudar todas as noções antes compreendidas.
O mesmo com o medo da morte
que faz o indivíduo buscar em si
potências pessoais em lugares antes inimagináveis.
E por medo da vida, tem-se o impulso da morte,
a ruptura do sonho de um corpo.

A pulsão do medo é provavelmente maior
do que o próprio impulso do pensamento.
Não perde nem ao menos
para a ambição e a perversidade humana,
duas pulsões que, na mesma medida,
sempre movimentaram as sociedades.

Nasce desse medo o impulso maior
que faz com que ergamos impérios
da mesma maneira como igualmente nos trancafiemos
na alcova dos impotentes.

É de fato o medo que apressa o homem
ao improvável motor do inevitável.


(texto e colagem: Chuí)

segunda-feira, novembro 05, 2007

Não é contra você


Não é contra você que eu luto. É contra a sua falta de bom senso.

Mas contra você não, bicho. Eu luto é contra os símbolos na bandeira que você está hasteando. Contra o futuro que você representa. Luto é contra o passado turvo que você não arreda pé, que você finca suas unhas mal feitas. Mas não é contra você.

É contra o seu entorno de esquecimento e desinteresse que eu luto, mano. É contra a sua falta de visão, que é a sua falta de pensamento. É contra o exército que alistou você e você nem se deu conta. É contra uma voz caquética que convenceram você que ela é sua. É contra esta bobagem senil que você se sente agora convocado à condição de autor e porta-voz. Mas não contra você.

Cara, eu luto é contra a sua idéia de luta. Contra a forma como você luta. É contra o uso que você faz das palavras.

É contra esse seu desamor disfarçado de posição política. É contra esse seu autoritarismo disfarçado de arte. É contra esse seu ódio disfarçado de religião.

Luto, sim, contra o seu potencial formador. Contra as armas que você usa na guerra. Contra a função para a qual você foi se pensa convocado. Eu luto uma modalidade de luta que você desconhece. Da sua luta cheia de dedos em riste e armas com gatilhos e botões, dessa eu passo longe. Desvio até. Não luto a sua luta, irmão - luto é contra ela.

Porque você não é só isso contra o que eu luto, velho. Mas eu luto todo dia contra isso em você. Pois quando você, meu amigo, se reduz a isto, é contra você em particular que eu luto. Porque eu luto todo dia contra isso em mim.

Porque eu luto, meu, é contra a mais remota possibilidade de um dia eu vir a me recrutar nesse seu lugar.
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(texto e ilustração de Chuí)