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domingo, fevereiro 25, 2007

Enigma


Quem és tu
.........que por mim ainda não te apaixonaste?
Que mistérios escondes
.............................da tua própria loucura?
Não vês que o abismo
é menos aterrador
...........................quando olhas de dentro dele?
...
Quem sabe te traio contigo mesmo
......................................................todos os dias.
No entanto, onde estão teus ferrões
...............................que não me apontam verdades?
Não sabes o que és?
.................................Finge o que não és, então.
...
Decifra-te agora
...
.......................ou Devoro-me


(imagem: desenho extraído da novela gráfica "Indecifraveu" de Chuí - work in progress)

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Fauna V


Não há bons aparelhos para distinguir
a máquina que age
da máquina que sente
HiperespaçoImatériaPusSaliva
BactériaTelaDiscoLinguaDente
...
Que peça de ilusão é um robô?
...
RenovaçãoProgramadaMatemática
EmoçãoFervilhaQualMecatrônica
CabeçaTroncoMembranaCoração
WinchesterPóDisfunçãoBiônica
...
Que peça de ilusão é um robô?
...
OPassadoÉUmaMiragem
FreqüênciaRuídoSinfonia
EternoSomInconstante
Arma de fogoPalavra d'água
PulsãoDe1SóInstante
...
Que peça de ilusão é um robô?
...
ProgramaDesenhoPlanoDelírioLuz
PigmentoMetálicoCor da pele
Interface do InvisívelFoco
Lente de aumentoHTML
...
Que peça de ilusão é um robô?
....
CybermulticelularSangueOsso
GeometriaVeiaArtériaImãMola
Não há bons aparelhos para distinguir
a máquina que corta
da máquina que cola
...
Que peça de ilusão é um robô?
...
...
(ilustração de Fernando Chuí & Marcia Tiburi)

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Fauna IV


Noite de mim, espelho d'água
Algo cintila o oco entre as cores

..................... Espreita-se como uma pichação que andasse

Por cada muro da cidade
Só quer se sentir
......................................compartilhado

Caminha mirando a lua
como se andasse a lambê-la
......................................tina de leite

De dentro do labirinto
Mira o olho o horizonte
Apenas sente
.......................................aquilo que mente

Inveja a morte que é minha
Porque nem morte se chama
Como ela também é negro
........................................também é silêncio
........................................também tem charme
........................................também chama


O que me olha de dentro do

rio

.........................................é um gato


(ilustração: Fernando Chuí & Marcia Tiburi)

sábado, fevereiro 10, 2007

Fauna III


...........Apesar da neblina espessa
......................................aumentou a velocidade
Ainda que totalmente cego
..........................não recuou um só segundo
...........Desacreditado
...........................motivo do riso alheio

.......................................sorriu de volta ao mundo


Nu como o fogo
...............Cercado de toda casta de riscos

............................... .......tremeu os lábios

..............................................................não as pernas


...........Sem nenhum medo da morte
...........................aterrorizado apenas pelo fim
.......................................................................................jogou-se


..........Mesmo sabendo-se tragédia

............................................ele se escreveu

....................................fundo
............................................na carne do tempo

.................Foi dessa forma

................................... .........que o amor

............................................ ......................tornou-se mítico




(ilustração de Fernando Chuí & Marcia Tiburi)

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Fauna II


Numcarécimioiáassimcunmêdu,não,fio.
...
Entriazúnheunãoguárdusujêrinemrancôr.
Minhacúcamórdiquinemcóbrapeçonhenta,
maipreférisêorganizadôdidéia.
Eusôtodugrândi
sóquimuuuuuitchomenórquiumeuispíritu,sabis?
...
Intonciécumeudíssi,minínu:
Numcarécimioiáassimcunmêdu,não.
.
Maissiquisé
tamémnumtempobrêma.
...
Umêdu
..
édusmális
...
umió.
..
.
(ilustração de Fernando Chuí e Marcia Tiburi)

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Fauna I


Que espécie de anjo vence o jogo?
Qual demônio habita meus troféus?
Que veneno corre em minhas veias?
Que remédio dele eu fabriquei?

Que caminho eu mesmo que tracei?
Quais escolhas tenho diante dele?
Que veneno corre em minhas veias?
Que remédio dele eu fabriquei?

Quantas torções, quedas, convulsões?
Quantas se assemelham a uma dança?
Que veneno corre em minhas veias?
Que remédio dele eu fabriquei?

Quais segredos tristes eu exibo?
Quantas asas, rabos, guampas, presas?
Que veneno corre em minhas veias?
Que remédio dele eu fabriquei?

Quantos degraus subo por conquista?
Que rostos adornam meu fracasso?
Que veneno corre em minhas veias?
Que remédio dele eu fabriquei?

Que indústria me dá mais prazer?
Que vil solidão eu compartilho?
Que veneno corre em minhas veias?
Que remédio dele eu fabriquei?

Que ancião se ampara no menino?
Que dor nos revela ao destino?
Que veneno corre em minhas veias?
Que remédio dele eu fabriquei?

Qual festa coroou o escravo?
Que poder escravizou o rei?
Que veneno corre em minhas veias?
Que remédio dele eu fabriquei?

Quais visões, desenhos, canções, versos?
Quais vão diferir abismo e cura?
Que veneno corre em minhas veias?
Que remédio dele eu fabriquei?

Que espécie de anjo me seduz?
Qual demônio vem me resgatar?
Que veneno corre em minhas veias?
Que remédio dele eu fabriquei?


(Fauna I - ilustração de Fernando Chuí e Márcia Tiburi)